terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


Daí eu te encontro num desses cafés que eu costumo ir pra te esquecer. Você está vestido com o casaco azul marinho que a tua avó te deu no Natal passado. Eu me lembro de quanto tempo faz que eu não via essa sua barba mal-feita. Você sorri pra mim como quando nos encontrávamos depois da aula pra conversar sobre qualquer coisa, e age como se não soubesse que eu passei esse tempo todo fugindo de você. Eu só consigo te retribuir o sorriso mais educado e menos sincero que eu tenho, e ouço apática você me dizer que ela te deixou. Eu poderia dizer que 'vai ficar tudo bem' e te dar todo apoio como eu  fiz todas aquelas vezes, mas eu fiquei calada, porque era mentira. Não ia ficar tudo bem, eu sempre soube que não. Uma garota que te faz cortar a barba, que te leva pra esses bares onde tocam essas músicas bobas sobre coisa nenhuma, que te compra essas camisetas que te sufocam e que arranca teus pôsteres de filmes das paredes do teu quarto nunca vai ser a garota certa pra você. Não vai ficar tudo bem porque você estava cego. Não vai ficar tudo bem porque ela nunca entraria no teu carro com batatas fritas gigantes e rodaria pela cidade cantando inúmeras vezes as músicas daquele CD velho que você gosta, porque ela não vai querer conversar depois da meia noite sobre o quanto você é fraco, porque ela nem sequer entende as suas piadas. Eu te pergunto porque ela foi embora e você me responde que estava apenas cansado demais pra perguntar o motivo. Eu nem quero saber o motivo, esperei tanto por esse momento, esperei que você voltasse direto para os meus braços, mas agora eles estão cruzados. Eu não consigo nem sentir pena de você e meu pergunto como eu mesma pude ser tão cega. Você não vale  pena, eu valho. Você esta bebendo cappuccino extra-forte e choramingando do meu lado sobre uma coisa que nem é amor. Não vai ficar tudo bem porque eu poderia ter sido sua garota, mas acabei de descobrir que eu sou muito boa pra você.

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